sábado, 25 de abril de 2009

I bike 2


Decanto as poças de chuva
nos pneus da bicicleta
e o mormaço me sobe nas pernas
e a frescura me expande as narinas

Uns dizem que isso dá gripe
A mim me dá alegria
quando muito, melancolia
de quem atravessa a existência
pela grande boca da História
com a tácita incumbência
de erguer o peso dos dias
com todo incômodo trágico
da Essência.
Com todo sofrer (ridículo)
de poeta
de saber-se inútil
e inútil ficar
– um Prometeu sem grilhões,
que enquanto anda de bicicleta
não nota
que é só alguém que anda no mundo
e pensa
que o mundo é que gira sob suas pernas

A melancolia é rica
– um passo atrás do desespero
A alegria vai-se
a gripe passa
e eu
continuo a andar de bicicleta.

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