quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Retrato


A avó balbucia
memórias ocultas
sob a língua dos velhos:
o mistério dos anjos que dão conforto
a quem vive muitos anos.
Ela conta os botões da roupa
com as pontas dos dedos e
desliza a pele solta
sobre os metacarpos.
Suspira sem dor,
invoca aos céus por hábito,
espanta um gato.
A cada dia revive
- a alma em estado de paisagem intermitente.
Não é preciso dentes ou garfo.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Quixotesco

Sobre a grama espessa
os castelos
migram e pousam sempre
mais adiante
Quem os persegue?
Um quixote?
Um templário?
Pergunto ao Lunário Perpétuo
pra onde vão os castelos
poemas palmilhando cadernos.
Ali e adiante,
imolar outro verso,
perseguir o horizonte,
o reflexo.
Onde os castelos?