sábado, 25 de abril de 2009

Desespero

Caminhava muito
e caminhava a esmo
e caminho ainda
e ando e fujo
sem me lembrar por quê
(não sabia mesmo)

Passo por viadutos
atravesso curvas
muitas curvas
e já me esqueço
para onde
para onde

Eu ando e como luz
com os olhos
quando estou triste
– por isso nublava
por isso fazia escuro

Me sentia confortável
andando no escuro
Não sabia
e não sabia mesmo
Era bom
Vejo os ônibus
Eles passam sempre ao lado
Não há mais ninguém
exceto eu mesma
atrás de mim

É do que me lembro
de quando pergunto
de quando me lembro
de olhar para trás

De olhar para trás
via a mesma paisagem
que me acompanhava:
um eu que andava
e andava
e olhava pra mim
por cima do ombro direito

Caminhava a esmo
e caminho ainda
só sei que fujo
nem sei do quê
nem sei pra onde
nem sei por quê.

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